terça-feira, 22 de junho de 2010

Venda indiscriminada de ração humana põe saúde em risco


Conhecida como a moda nutricional do momento, a ração humana é um complemento alimentar rico em fibras como linhaça, trigo, aveia e soja. O composto promete emagrecimento rápido, diminuição de colesterol, regulação intestinal e proteção a doenças. Além disso, é rico em zinco, selênio, vitaminas e promove sensação de saciedade. O boom da ração humana é resultado de um grande número de pessoas que estão à procura de alternativas fáceis para emagrecer. Quando se trata de uma mistura que, aparentemente vai ter resultado imediato, a procura é intensa. Apesar dos inúmeros benefícios prometidos, o complemento deve ser ingerido com cautela.
A nutricionista Beatriz Silva Madureira afirma que a ração humana surgiu para complementar uma alimentação deficiente suprindo a falta de nutrientes e vitaminas essenciais para o organismo “os benefícios do produto são os mesmos de uma pessoa que tem uma alimentação rica e diversificada: regulação intestinal, sensação de saciedade, controle do colesterol LDL (colesterol ruim) e outros benefícios que as fibras, as vitaminas e os minerais trazem para o organismo.”

Beatriz acredita que a mídia é a grande culpada pelo excesso no consumo do produto, já que evidencia os benefícios, deixando de lado o conjunto de atitudes que a pessoa deve ter para chegar ao resultado desejado.

Ela acredita que devido às inúmeras promessas de saúde e emagrecimento há um excesso no consumo diário das fibras. Recebendo uma grande quantidade da mistura o organismo pode ficar sensível e responder com aumento de peso e constipação intestinal “como o consumo deve ser individualizado não tem como padronizar a quantidade diária da ração, mas o que geralmente se recomenda é de uma a três colheres de sopa por dia para indivíduos saudáveis e que já são acostumados a seguir uma alimentação equilibrada”.

A nutricionista alerta que crianças, idosos, lactantes, diabéticos, hipertensos, pessoas portadoras de doença celíaca, ou seja, intolerantes a glutén, psoríase e artrite reumatoide não podem consumir o produto sem orientação médica, pois podem piorar por causa da mistura “os grupos citados podem consumir o produto, mas sempre com orientação de um especialista que irá retirar da composição os ingredientes agravantes”.

A ingestão inadequada do produto pode resultar em efeitos contrários como, por exemplo, o desenvolvimento de alergias digestivas. A especialista afirma que se o produto for consumido por um paciente portador de doença celíaca poderá desenvolver uma grave inflamação intestinal. No caso de diabéticos haverá aumento da glicemia e o hipertenso terá sua pressão arterial alterada.

Beatriz não recomenda o consumo do produto industrializado e defende a importância de uma mistura especializada para cada pessoa, assim o consumo diário do produto responderá ao esperado pelo paciente. Ela comenta que quando um paciente pede o complemento alimentar, ela analisa a individualidade bioquímica da pessoa, restrições dietéticas, faixa etária e objetivo do consumo “eu não posso receitar pó de guaraná para um hipertenso, que é um dos ingredientes da ração, pois apresenta substâncias estimulantes. Não posso receitar a um diabético o consumo de açúcar mascavo ou o cacau, por exemplo.” Além disso, as fibras podem causar diarréia e inflamação em pacientes com doenças intestinais e a ingestão de levedo de cerveja, rico em vitaminas do complexo B, pode aumentar o apetite.

Marcela Pereira consome a mistura a seis meses no lugar do café da manhã “estou mais disposta e não preciso mais tomar iogurtes que regulam o intestino. A ração humana já tem tudo o que eu preciso para ir ao banheiro regularmente e de quebra, emagrece.” Beatriz não defende a substituição de refeições pelo complemento alimentar, pois algumas substâncias podem inibir a absorção de alguns nutrientes importantes como o ferro e o cálcio que geralmente são ofertados nas principais refeições.

A nutricionista afirma que para obter resultado na ingestão da ração humana é necessário um conjunto de atitudes como alimentação equilibrada e individualizada, prática de exercícios físicos por um longo período de tempo “não é mágica e sim disciplina”, conclui.

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