sexta-feira, 16 de abril de 2010

Garçons podem ter gorjeta de 20% após as 23 horas

Os clientes de bares e restaurantes pagarão 20% de gorjeta entre às 23 horas e às 6 da manhã do dia seguinte, caso entre em vigência o projeto de lei 472/09. Antes desse horário, o tradicional 10% do garçom permanece. O projeto altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT - decreto-lei 5.452 de 1943, art. 457), referente à cobrança percentual noturna. A gorjeta é uma contribuição voluntária, uma gratificação pelos bons serviços prestados.


A Lei 13.856/09 regulamenta que bares, restaurantes e afins devem informar em seus cardápios e nas contas dos clientes que a gorjeta é opcional e que deve ser entregue diretamente aos funcionários. O estabelecimento que obrigar o cliente a pagar gorjeta está sujeito a multa de mil a R$ 10 mil, pois infringe o artigo 170 da Constituição fundamentada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa.

Caso haja pagamento de gorjeta, o valor deve ser disposto em sua totalidade ao garçom. Donos de bares e restaurantes que se apropriarem das gorjetas oferecidas estão sujeitos as penalidades do artigo 168 do Código Penal: até quatro anos de prisão.

O Empresário L.P.S., que não quis ser identificado, afirma que não se importa com a quantidade da gorjeta paga a seus funcionários, mas deixa claro a eles que somente as gorjetas recebidas em dinheiro ficam para os garçons. “Quando o cliente paga a conta e a gorjeta em cartão de crédito não repasso pros garçons, afinal, eles já recebem pelo atendimento que fazem, mas se o pagamento da gorjeta for em dinheiro, tudo bem.”

O garçom Pedro Augusto Conceição acredita que o projeto não vai ser tão vantajoso quanto o esperado pelos funcionários de bares e restaurantes. Ele afirma que os clientes não vão pagar os 20% com freqüência. “Onde eu trabalho os clientes já reclamam quando a conta vem com o acréscimo de 10%. Se o projeto virar lei, aí é que as pessoas vão pagar só o que consomem mesmo.”






quinta-feira, 15 de abril de 2010

Animeclube exibe sessões de seriados japoneses

Itajubá contará a partir desde mês com uma nova atividade cultural gratuita. Todos os sábados, às 16:30 min, no auditório do Universitas – Centro Universitário de Itajubá, o Animeclube Taka no Me exibirá, uma vez por semana, a sequência dos seriados mais famosos de animes no Japão e no Brasil. Para os japoneses, anime é todo desenho que seja animado. Para os ocidentais, anime são desenhos animados vindos do Japão. Grande parte dos animes são originados de história em quadrinhos. As principais características desse tipo de filme são personagens com olhos grandes, bem definidos, redondos ou rasgados, brilhantes e coloridos. O olhar destacado evidencia as fortes emoções vividas nos seriados.

A primeira exibição dos desenhos animados ocorreu no último sábado e contou com o seriado Freedom, que segue com sete episódios e Gungrave com 26 episódios. As exibições contam com um telão de alta definição, som ambiente, cadeiras, puffs, o famoso escurinho e uma bonbonnière. Além disso, os freqüentadores que chegarem pontualmente as sessões recebem um saco de pipoca e refrigerante gratuitamente.

Fábio Leite, diretor do Animeclube diz que a idéia inicial do projeto era assistir a alguns filmes entre amigos, mas a paixão pela cultura cinematográfica japonesa foi sendo unânime entre os freqüentadores. “Nós gostamos da cultura japonesa e por isso montamos esse clube. O projeto tem dado tão certo que vamos montar um estatuto e criar carteirinha para os sócios assíduos. Eles terão vantagens dentro do clube.” Leite não revela quais são essas vantagens, mas destaca que a intenção é fidelizar os espectadores e unir os amantes do anime.

O grande diferencial do Animeclube são os momentos de debate após as exibições. Leite conta que esse é um momento muito esperado e de aprendizado. “Aqui nós curtimos o filme, depois discutimos a parte cultural. Isso dá a oportunidade de expandirmos nossa visão, porque eu tenho olhares sobre o filme que outras pessoas não têm e vice e versa. Dessa forma aprendemos juntos e saímos daqui com uma bagagem cultural diversificada.”

Renan Félix Ribeiro, coordenador dos debates no Animeclube, conta que a cultura japonesa tem invadido o Brasil nos últimos dez anos de uma maneira única, trazendo cultura, valores e educação para adultos e crianças. “O anime é diferente dos desenhos animados que estamos acostumados a ver. Além da grande carga de cultura que o gênero traz, os traços são mais trabalhados visualmente. Os animes são como as novelas e as minisséries brasileiras para os japoneses.”

Leite destaca que não é fácil manter o projeto vivo e todas as exibições cheias, pois não há apoio da secretaria de cultura da cidade. “O maior problema do projeto é divulgar toda semana as exibições. Ano passado a secretária da cultura se comprometeu em financiar a publicação dos cartazes, mas nos deixou na mão. Então divulgamos pelo blog e pelo Orkut.”

Miriam Azevedo Ferraz, 18, é freqüentadora assídua das sessões do Animeclube. Ela conta que é essencial para Itajubá ter iniciativas como essas, pois a cidade não oferece atividades culturais gratuitas para os jovens. “É bom, porque aqui não tem cinema e nós não temos uma opção cultural bacana, então o Animeclube vem pra sanar essa carência. Além disso, os debates acrescentam muito culturalmente.”

Acessem e vejam os filmes exibidos em cada sábado: http://cinecapivara.blogspot.com ou http://animeitajuba.blogspot.com

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Criatividade na Paixão de Cristo surpreende em 2010

A sexta feira santa é o ápice da quaresma, um tempo de interiorização e reflexão. Em Itajubá, esse dia já não é o mesmo há nove anos. Em volta da Igreja Matriz Nossa Senhora da Soledade, 4.000 pessoas se reúnem para assistir a encenação dos últimos passos de Jesus Cristo. Esse ano, o grande destaque ficará por conta da ganância e do arrependimento de Judas que por vender Jesus, acaba enforcado. O ator ficará preso através da aparelhagem de rapel com a corda no pescoço, simulando o suicídio do personagem.

Com 35 integrantes, o Ministério de Teatro Alpha é destaque na cidade por representar o mesmo enredo todos os anos, porém dotado de inovações e criatividade. A tradicional peça tem uma hora de duração e destaca-se por apresentar um figurino impecável, som ao vivo e iluminação de qualidade.

Pilatos aparece com um figurino digno de um rei, com capa vermelha, sandálias e túnica romana, além de vários acessórios dourados. Os soldados usam armaduras, capacetes e tochas de madeira para representar proteção ao rei. A mãe de Jesus, representada por Juliana Campos, coloca toda emoção em um choro discreto, mas constante. Véu e túnica azulada compõem o figurino da personagem. Jesus aparece simples, com túnica clara e pés descalços. Ao longo da peça, sua roupa é rasgada e suja pela maquiagem que representa os ferimentos do personagem. A cruz em que o personagem é pregado tem sustentação própria para que todos possam ver o personagem crucificado.

O som ao vivo conduz o espectador a momentos de suspense, de sofrimento, de angústia e reflexão vividos pelo personagem principal. As iluminações coloridas em vermelho, amarelo e azul dão o destaque que cada cena ou personagem merecem para evidenciar o momento.

O estudante de medicina Márcio Junior de Paiva, que representa o personagem principal da trama, diz que fazer Jesus é um privilégio e uma responsabilidade, visto que o público espera um Jesus de cabelos longos e de olhos claros. “Eu sou moreno e não tenho cabelo comprido. Eu acho que as pessoas saem dali enxergando um Jesus diferente, mais real e próximo.”

Durante a apresentação, Jesus é maltratado com chutes, socos, tapas e pontapés, o que permite a cena ser fiel a historia. Paiva diz que não se incomoda com os maus tratos sofridos, mas confessa que se machuca bastante. “Pra mostrar um pouquinho da realidade não tem como fingir, tem que passar pra sentir o que aconteceu. Eu realmente me machuco, mas na hora eu não sinto nada.”

Talitha Leite Pio, diretora da peça, diz que o grupo faz uma preparação psicológica para a representação dos personagens. Cada papel tem a carga emocional que necessita, para que a interpretação tenha dinamismo e realidade. “Os atores vão fazer uma preparação corporal e vocal intensa horas antes da peça. Para o ator que faz Jesus temos um cuidado especial, pois ele precisa de uma preparação corporal grande, devido às cenas fortes.”

Ela ainda afirma que esse ano a encenação está mais iluminada com 48 canhões de luz, graças ao apoio cultural da cidade “A riqueza de detalhes, a sonoplastia e a iluminação ajudam as pessoas a vivenciarem o momento.” A peça de única apresentação tem orçamento equivalente a R$ 2.000,00 arrecadados por meio de patrocinadores.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Por que precisamos de heróis?


Segundo a definição do dicionário Aurélio, “o herói é um homem extraordinário que se destaca por seus feitos guerreiros, por seu valor ou magnanimidade”.
Pois bem: numa visão mais à esquerda, temos Bertold Brecht, dramaturgo alemão que disse certa vez: “feliz o país que não precisa de heróis”. Segundo ele, o herói toma prá si aquilo que deveria ser feito por todos, pela sociedade; e leva à idolatria do indivíduo.


Contrariando Brecht, a esperança, o clamor e a sede por heróis sempre esteve presente em toda e qualquer nação, desde as crianças tão apaixonadas pelos heróis dos quadrinhos.
SuperMan, Homem Aranha ou Batman são personagens imaginários e fantasiosos, que contagiam por serem humanos, mas com uma imensa capacidade de realizar o impossível, defender a sociedade e dotados de uma boa dose de humildade.


Num mundo em que o ilícito vira objeto de ibope em qualquer veiculo de comunicação e o desrespeito à vida é gratuito, não é difícil entender a carência que se tem por heróis. Há uma sede desesperada de que as guerras, as mortes e a violência sejam extintas por alguém que, não precise necessariamente de capa preta ou tenha grandes poderes, mas que tenha acima de tudo, o desejo de resgatar os bons valores dentro das sociedades. Algo que, como o dramaturgo alemão disse, deveria ser dever de todos.


Independente de apreciar os heróis da ficção ou não, todos precisam se identificar com alguma atitude nobre e gratuita, pois conduz a sensação de “se quisermos ainda tem jeito...” A construção desses valores pelos heróis de carne e osso é o que sustenta a esperança de todos. Estamos num mundo em que quem faz o melhor espetáculo é quem realiza a maior catástrofe ou planeja o melhor seqüestro. É diante desse cenário, onde o que seduz são ladrões, corruptos e assassinos é que se constroem verdadeiros heróis. Estes têm uma postura diferente e não cômoda diante das mais diversas situações.


São heróis que trazem às pessoas um novo olhar diante do mundo, uma nova atitude e uma esperança que, antes cega, se torna palpável, pois heróis como Gandhi ou Madre Teresa de Calcutá possuem uma nova postura diante do mundo, porém têm sangue nas veias e os mesmos hábitos de vida de qualquer ser humano.


O que diferenciam essas pessoas e as enobrecem com o título de heróis? É simples: elas nunca souberam o significado de “não posso, não compete a mim, não vou conseguir.” Elas ultrapassaram barreiras sem perceber, justamente por não encararem as mazelas do mundo com um olhar passivo como o da maioria da população.


Heróis como Martin Luther King ou Jesus Cristo, se tornaram personagens principais de um cenário em que não teriam vez, se tivessem cruzado os braços e calado suas vozes.
Brecht pode ser um ótimo dramaturgo, mas está longe de se tornar um herói, visto que em sua visão, todos deveríamos ser heróis. O que o dramaturgo alemão não enxerga é que nem todos têm a inquietação que os heróis possuem no espírito, tornando o impossível possível e cotidiano. Essa sim, é tarefa para poucos, por que não dizer, para raros.


Por esta razão ainda necessitamos do Superman e de heróis criados, para que nunca nos esqueçamos daquilo que nos torna verdadeiramente humanos.
Há um diálogo do filme “Superman: O Retorno”, que explicita bem o pensamento.

Superman: O que você está ouvindo?
Lois Lane: Nada.
Superman: Eu ouço tudo. Você escreveu que o mundo não precisa de um salvador…mas todos os dias eu ouço as pessoas gritando por um.

Enfim, Todos necessitam de exemplos, de inspiração, de ideiais maiores e de fé, que ultrapassem as barreiras da ficção e sanem as inquietações desse mundo.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma guerra de estratégias


O tempo em que estar on-line se limitava a um curto espaço de tempo para mandar um e-mail ou visitar uma página interessante, já passou. Como todo e qualquer instrumento de comunicação, a internet está em constante expansão e a ganhar novos adeptos. Os poucos momentos em frente a um monitor, se estenderam a horas, muitas delas dispensadas a páginas de relacionamento. Espaços abertos e gratuitos, como uma grande praça virtual, onde se estreitam laços, reúnem-se tribos e gostos afins.
Mais do que moda, as disputas entre as redes sociais está explicita, visto que, quanto maior é a participação dos internautas, maior é a valorização em dólares da rede em destaque. Consequentemente, as redes se tornam um negócio altamente rentável e digno de fortunas, como é o caso do Google.

O Orkut é a maior rede de relacionamentos do momento, mas apesar de se destacar pela fidelidade de seus usuários, peca por oferecer ferramentas muito sofisticadas. Já o facebook é empenhado em atender as necessidades dos participantes por meio de instrumentos cada vez mais simples, facilitando assim, a conexão entre as pessoas.

De acordo com o blog oficial do Facebook, o que surpreende seu criador Marck Zuckerberg, não é a quantidade de usuários aderidos ao Facebook, e sim sua popularidade e a variedade de tribos que se identificam e se relacionam. O jovem de 25 anos está empenhado em transformar sua rede de relacionamentos na mais popular do momento.

O fato é que os internautas ainda estão totalmente absorvidos pelo orkut e suas infinitas redes, mas seus adeptos estão atentos! Ao ser acessado, o internauta sente que, sutilmente, o Orkut está parando no tempo e na eficácia de suas ferramentas. Já o Facebook está contagiando seus participantes por oferecer constantes mudanças e melhoras do site, com qualidade e simplicidade. Através desse diferencial, o Facebook está ganhando mais credibilidade e destaque entre os diversos sites de relacionamento.

O Orkut que se cuide, ou melhor, corra atrás de inovar, pois nessa disputa, como num jogo publicitário, ganha quem oferecer a melhor estratégia e condição de relacionamento a seus clientes.

Independente da disputa entre Facebook e Orkut, todos os dias surgem novas redes sociais dispostas a estreitar os laços entre as pessoas. Se o orkut e tantas outras redes estão ameaçadas e com os dias contados, não dá pra saber. A única certeza que paira no ar é que fazer parte de uma rede social é quase uma necessidade vital para integrar um mundo cada vez mais globalizado e aderido a redes sociais virtuais.

terça-feira, 6 de abril de 2010


Amém
Composição: Fernando Anitelli


“Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário:
Letras, lados, lestes.
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade...
Nada muda.
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade no meu retrovisor.
A menina debruçando favores toda suja,
É mãe de filhos que não conhece.
Vendeu-os por açúcar, prendas de quermesse.
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele.
E nesse tráfego acelero o que posso.
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto.
O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor.
Retrovisor é passado...
É de vez em quando... do meu lado.
Nunca é na frente.
É o segundo mais tarde... próximo... seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu.
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu, o que agora só ficou no pensamento.
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento.
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas,
Mostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas.
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe... que coisas são essas.”


A poesia de Fernando Anitelli traduz a correria do cotidiano, chamando a atenção para o olhar particular, critico e observador do trânsito. Algo tão comum como carros, gente pedindo esmolas, a pressa, o tráfego, o semáfaro, um retrovisor se tornam especiais e dotados de valor diante do olhar do poeta. Ele consegue traduzir cada elemento de um caminho, tentando enxergar além do obvio, se permitindo perceber o papel de cada ser que compõe um cotidiano tão frequente, mas que agora, se faz perceber pela poesia.
“O que passou, muitas vezes ninguém viu.”
O poeta questiona a sociedade cega, limitada e acostumada a uma realidade fria e sem preço. Por meio da poesia ele convida ao leitor a descontruir o velho olhar de todo dia e exergar o que existe por trás da rotina. É um exercicio que, ao ler esse poema, se torna um irresistivel convite. Afinal, quando se caminha pra frente, algo fica para trás e ninguém quer deixar o que é belo, bonito e cheio de valor para trás, não é mesmo?