terça-feira, 13 de abril de 2010

Por que precisamos de heróis?


Segundo a definição do dicionário Aurélio, “o herói é um homem extraordinário que se destaca por seus feitos guerreiros, por seu valor ou magnanimidade”.
Pois bem: numa visão mais à esquerda, temos Bertold Brecht, dramaturgo alemão que disse certa vez: “feliz o país que não precisa de heróis”. Segundo ele, o herói toma prá si aquilo que deveria ser feito por todos, pela sociedade; e leva à idolatria do indivíduo.


Contrariando Brecht, a esperança, o clamor e a sede por heróis sempre esteve presente em toda e qualquer nação, desde as crianças tão apaixonadas pelos heróis dos quadrinhos.
SuperMan, Homem Aranha ou Batman são personagens imaginários e fantasiosos, que contagiam por serem humanos, mas com uma imensa capacidade de realizar o impossível, defender a sociedade e dotados de uma boa dose de humildade.


Num mundo em que o ilícito vira objeto de ibope em qualquer veiculo de comunicação e o desrespeito à vida é gratuito, não é difícil entender a carência que se tem por heróis. Há uma sede desesperada de que as guerras, as mortes e a violência sejam extintas por alguém que, não precise necessariamente de capa preta ou tenha grandes poderes, mas que tenha acima de tudo, o desejo de resgatar os bons valores dentro das sociedades. Algo que, como o dramaturgo alemão disse, deveria ser dever de todos.


Independente de apreciar os heróis da ficção ou não, todos precisam se identificar com alguma atitude nobre e gratuita, pois conduz a sensação de “se quisermos ainda tem jeito...” A construção desses valores pelos heróis de carne e osso é o que sustenta a esperança de todos. Estamos num mundo em que quem faz o melhor espetáculo é quem realiza a maior catástrofe ou planeja o melhor seqüestro. É diante desse cenário, onde o que seduz são ladrões, corruptos e assassinos é que se constroem verdadeiros heróis. Estes têm uma postura diferente e não cômoda diante das mais diversas situações.


São heróis que trazem às pessoas um novo olhar diante do mundo, uma nova atitude e uma esperança que, antes cega, se torna palpável, pois heróis como Gandhi ou Madre Teresa de Calcutá possuem uma nova postura diante do mundo, porém têm sangue nas veias e os mesmos hábitos de vida de qualquer ser humano.


O que diferenciam essas pessoas e as enobrecem com o título de heróis? É simples: elas nunca souberam o significado de “não posso, não compete a mim, não vou conseguir.” Elas ultrapassaram barreiras sem perceber, justamente por não encararem as mazelas do mundo com um olhar passivo como o da maioria da população.


Heróis como Martin Luther King ou Jesus Cristo, se tornaram personagens principais de um cenário em que não teriam vez, se tivessem cruzado os braços e calado suas vozes.
Brecht pode ser um ótimo dramaturgo, mas está longe de se tornar um herói, visto que em sua visão, todos deveríamos ser heróis. O que o dramaturgo alemão não enxerga é que nem todos têm a inquietação que os heróis possuem no espírito, tornando o impossível possível e cotidiano. Essa sim, é tarefa para poucos, por que não dizer, para raros.


Por esta razão ainda necessitamos do Superman e de heróis criados, para que nunca nos esqueçamos daquilo que nos torna verdadeiramente humanos.
Há um diálogo do filme “Superman: O Retorno”, que explicita bem o pensamento.

Superman: O que você está ouvindo?
Lois Lane: Nada.
Superman: Eu ouço tudo. Você escreveu que o mundo não precisa de um salvador…mas todos os dias eu ouço as pessoas gritando por um.

Enfim, Todos necessitam de exemplos, de inspiração, de ideiais maiores e de fé, que ultrapassem as barreiras da ficção e sanem as inquietações desse mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Precisei escrever um texto de opinião sobre esse tema e esse texto me inspirou muito! Estou impressionada, você escreve muito bem!